Estaremos
mesmo dispostos a acreditar? É certo que a nossa vida, e a de tantos e tantas,
é abalada e atravessada, muitas vezes, por acontecimentos e atrocidades que não
conseguimos explicar, nem eliminar o nosso sentimento de tremenda impotência.
No entanto, a fé que nos é proposta e que nos leva a arriscar é posta em causa,
mas não deveria ser eliminada. Pode ser questionada, mas não deveria ser
anulada.
Dizermos
que temos fé e que acreditamos leva-nos a não sabermos tudo. Leva-nos a
acreditar num Pai que Se revela num Filho e que dinamiza todo o Seu amor num
respirar divino e santo. Leva-nos a acreditar, muitas vezes contra tudo e
todos, que a Vida não é finalizada quando todos a sentenciam ou quando a morte
nos bate à porta. Acreditar e ter-se fé neste Deus revelado por Jesus Cristo é
confiar que o amor nos pode salvar. É crer que Deus, sendo amor, pode o que o
amor pode. E o amor pode tudo. É aderir na nossa liberdade e na nossa
fragilidade a uma proposta que jamais poderá ser resolvida, mas que nos pode
resolver e levar à nossa verdadeira aceitação.
O
dom da fé foi-nos dado gratuitamente, mas não depende somente da obra do
Espírito Santo para que ele se mantenha, por isso somos chamados a
questionar-nos: tu ainda acreditas? Tu ainda acreditas em Deus? Em Jesus
Cristo? No Espírito Santo? E na nova Vida que vem d'Ele e por Ele? Se sim,
então como nos manifestamos e como "transportamos" esta fé?
Haverá
fé na Terra se nos deixarmos confiar numa espera que anda de esperanças
(Emanuel António Dias).